13 julho 2025

Luta pelo Senado em Pernambuco invade as redes sociais e chega às ruas; um ano e quatro meses antes da eleição de 2026, oito pré-candidatos começaram uma luta desenfreada por uma candidatura

Duas vagas ao Senado estarão em disputa nas próximas eleições, com término dos mandatos de Humberto Costa (PT) e Fernando Dueire (MDB) - Antônio Cruz / Agência Brasil

Por TEREZINHA NUNES//Jornal do Comercio/PE

Há cerca de 15 dias, o que começou de forma tímida, ganhou ares de campanha eleitoral. Um ano e quatro meses antes da eleição de 2026, oito pré-candidatos ao Senado em Pernambuco começaram, pelas redes sociais e nas ruas, uma luta desenfreada pelo voto e também – o que é mais real – por apenas quatro das vagas em disputa, o que talvez explique a precipitação.

No próximo ano, a não que o impensável venha a acontecer, só dois candidatos a governador, a atual governadora Raquel Lyra, que tentará a reeleição, e o prefeito João Campos vão disputar o pleito, e estarão acompanhados por dois candidatos ao Senado cada um.

Se algum outsider aparecer vai caminhar sozinho, espremido pelas duas máquinas poderosas que vão se enfrentar, levando junto quase todo o tempo de propaganda eleitoral disponível.

“Se já fosse ano de eleição iam chover reclamações judiciais pela campanha fora do prazo”, comentou esta semana um deputado federal , referindo-se à grande quantidade de registros nas redes sociais dos pré-candidatos ao Senado, visitando eleitores, posando ao lado de Raquel Lyra, João Campos ou Jair Bolsonaro (no caso dos bolsonaristas), fazendo selfies com correligionários ou, literalmente, correndo pelas ruas, como fizeram o ex-prefeito de Petrolina, Miguel Coelho (União Brasil) ao lado de João Campos num final de semana chuvoso do Recife ou do ministro Sílvio Costa Filho (Republicanos) que, mesmo sem chuva, também correu em uma estrada do interior, acompanhado do amigo prefeito, para deleite dos que o acompanham no Instagram.

Disputa particular entre Eduardo da Fonte e Miguel Coelho


Menos acintoso, o deputado federal Eduardo da Fonte que, não só disputa no geral mas também no particular - é presidente estadual da Federação PP/União Brasil e há outro pretendente no grupo, o próprio Miguel - tem preferido outro caminho menos performático mas também eficiente: vem transformando em verdadeiros eventos, transmitidos pelas redes sociais, a entrega de equipamentos a hospitais pernambucanos adquiridos através de emendas parlamentares dele e do filho Lula da Fonte, também deputado federal. Além disso, pelo menos três vezes por semana, posa ao lado de deputados estaduais e prefeitos lhe declarando apoio para a vaga do Senado.

Os senadores Humberto Costa (PT) e Fernando Dueire (MDB) tem sido mais discretos mas contam com os mandatos para repercutir nas mídias projetos e ações no Senado, assim como têm recebido nos gabinetes em Brasília prefeitos e outras lideranças municipais.

Nos finais de semana andam pelo interior visitando prefeitos e entregando maquinas e equipamentos adquiridos também com as emendas parlamentares, igualmente mostrados em suas redes.Dueire tem procurado imprimir a marca de “ Senador Municipalista”, defendendo pautas de interesse dos prefeitos e de seus municípios.

Marília ajudada pelas pesquisas

A ex-deputada federal Marília Arraes (Solidariedade) tem sido também discreta embora navegue, o que lhe é favorável, na popularidade alcançada em 2022 quando disputou o Governo do Estado e só perdeu no segundo turno para Raquel Lyra.
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Em todas as pesquisas ela tem aparecido em primeiro lugar para o Senado. Já se fala até na possibilidade de que ela venha a representar a esquerda na chapa de João Campos, caso o PT prefira apoiar a governadora Raquel Lyra.

Os pré-candidatos bolsonaristas, Anderson Ferreira e Gilson Machado, do PL, têm se exposto menos, confiando no poder da direita que, como tem afirmado Anderson, teria hoje em Pernambuco o poder de dar mais de 30% dos votos - mesmo com Lula candidato – a um candidato ao Senado apoiado por Bolsonaro.

Como só um deles sairá candidato já se fala que o que perder a corrida pela vaga no PL será candidato a deputado federal. Gilson seria o preferido do ex-presidente que chegou a declarar isso em Pernambuco. Nas contas de Anderson a polarização levará a direita a conquistar uma das vagas em disputa.
Fadiga antecipada

A cientista política Priscila Lapa acha natural os pré-candidatos estarem se mostrando mais agora. “Quem se antecipa acaba ganhando protagonismo mas é necessário observar duas coisas: não pode deixar de cumprir a legislação para evitar problemas judiciais e nem entrar em processo de desgaste decorrente da própria exibição.”

Segundo ela, “há sempre o risco de uma fadiga antecipada”. Acha, porém, conveniente que os pré-candidatos “trabalhem mais para dentro da classe política neste momento, mostrando sua força pelos apoios recebidos do que indo direto ao eleitor”.

Chama atenção, no entanto, para a grande indefinição sobre o pleito de 2026, com construções partidárias indefinidas” e imagina que os pré-candidatos “estão, por enquanto, em voos solo pois a conjuntura política está muito aberta.

Raquel Lyra e João Campos circularam com aliados em festas juninas - Yacy Ribeiro/GovernoPE / Edson Holanda/PCR

O cenário é obtuso, indefinido, e a campanha tem um componente nacional considerável.” Citando Lula e Bolsonaro, por exemplo, ela acha que um pré-candidato neste momento, em se tratando de um cenário estadual, se estiver com um ou outro corre o risco de carregar consigo, por antecipação, a rejeição correspondente”.

Já tem gente, mais experiente, com o discurso pronto para isso. Eduardo Bolsonaro afirma que está apenas “mostrando as entregas que temos feito sobretudo na área de saúde”. Decidido a ter como slogan o “Senador da Saúde” ele pensa com isso ocupar antecipadamente o espaço que outros possam vir a trilhar.

“Ninguém tem trabalhado mais do que eu no estado pela saúde e pelas pessoas com deficiência”. Mas trabalhando para dentro, como diz Priscila em sua fala, ele tem cuidado de colocar nas redes os 11 deputados estaduais e os federais que lhe apoiam o incentivando a ser senador bem como os federais.

Por TEREZINHA NUNES//Jornal do Comercio/PE

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