sexta-feira, junho 20, 2025

PF encontra PowerPoint de ação de Bolsonaro para ato de 7 de Setembro

Ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) /Fellipe Sampaio/STFEx-presidente Jair Bolsonaro (PL) (Fellipe Sampaio/STF)

Por Pablo Giovanni - Metrópoles

Mensagens apreendidas no aparelho celular do ex-ajudante de ordens do general Braga Netto mostram a existência de um PowerPoint que detalhava como o governo Bolsonaro atuaria às vésperas do 7 de Setembro de 2021 e o que a Polícia Federal (PF) aponta como “mecanismos de pressão” articulados por integrantes do governo.

A PF localizou mensagens e arquivos de PowerPoint no celular do coronel Flávio Peregrino. Em 2021, Bolsonaro convocou caminhoneiros e manifestantes à Esplanada durante as comemorações da Independência.

Os investigadores encontraram dois arquivos em PowerPoint com cenários planejados para os dias que antecediam o 7 de Setembro. Um deles, intitulado “07 de Setembro — dia anterior”, apresenta slides sobre como o Ministério da Defesa deveria atuar. As informações constam em um relatório da apreensão do celular do coronel, e cujo sigilo foi retirado nesta semana.
“Guerra das narrativas”

Nesse documento, são listados 14 “fatores intervenientes na comunicação”, além da descrição de uma reunião que ocorreria com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no dia 6/9.

O material também apresenta temas que o governo desejava que fossem divulgados pela imprensa e mensagens que deveriam chegar aos “canais bolsonaristas”, entre elas a de que as Forças Armadas apoiavam Bolsonaro para celebrar a “nossa segunda independência”. Um dos slides era intitulado “O QUE COMUNICAR? – Guerra das Narrativas”.

O segundo arquivo encontrado no celular de Peregrino era um documento de 17 páginas, chamado “7 de Setembro — Versão 04”. Ele começa com “premissas básicas”, destacando que o Ministério da Defesa, sob comando de Braga Netto, e as Forças Armadas “não podem ser surpreendidos ou desmoralizados”.

A sequência de páginas mostra que a visão do governo para aquele 7 de Setembro era de “defesa da liberdade com a ampla participação da população”, como resposta a “ações autoritárias do STF”.

Os slides explicam, ainda, que era necessário evitar “novos Adélios”, além de fazer referência ao “caso concreto do Capitólio em 2020”. O material também acusa os veículos de imprensa de quererem “mudar a percepção da comemoração junto à população”, e cita uma reportagem do Metrópoles, publicada pelo jornalista Ricardo Noblat no Blog do Noblat, intitulada “Ensaio de Golpe avança sob o comando escancarado de Bolsonaro”.

Os documentos trazem três cenários previstos: “desescalar sem desmobilizar as manifestações”; “adoção de medidas restritivas por opositores”; e “Garantia da Lei e da Ordem – variantes”. Sobre a GLO, são considerados os seguintes desdobramentos: GLO preventiva; GLO a pedido dos Estados/DF; distúrbios no DF, RJ e SP (“Emprego PM/Greve?”); convulsão social (PM x FA); e acionamento das Forças Armadas por outros Poderes.

Para a PF, o cenário de possível instituição de GLO estaria relacionado à declaração do então presidente do STF, Luiz Fux, de que “pediria a ordem se manifestantes ameaçarem a sede do Supremo”, conforme reportagem publicada pelo jornal O Globo.

À época, o episódio ficou marcado pelas ameaças de Bolsonaro a ministros durante o 7 de Setembro, quando o ex-presidente afirmou que não cumpriria mais ordens do ministro Alexandre de Moraes e anunciou uma reunião do Conselho da República — que poderia levar a uma intervenção federal. As declarações causaram forte mal-estar entre os Poderes.

Por Pablo Giovanni - Metrópoles

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