terça-feira, março 01, 2022

Ataque a base militar deixa 70 soldados ucranianos mortos; Kiev está em alerta

Pelo menos 70 soldados ucranianos morreram após ataques russos na cidade de Okhtyrka, segundo autoridades locais

Pelo menos 70 soldados da Ucrânia foram mortos após as forças russas atacarem uma base militar em Okhtyrka, cidade localizada na região de Sumy, nordeste ucraniano, a 49 quilômetros da fronteira com a Rússia, e situada a 100 quilômetros de distância de Kharkiv, segunda maior cidade do país europeu. Os ataques aconteceram na segunda-feira (28), mas as informações só foram repassadas nesta terça-feira (1º) por autoridades locais.

Segundo Dmytro Zhyvystkyy, chefe da administração regional de Sumy, foram retiradas dezenas de corpos de soldados ucranianos para serem enterrados. Zhyvystkyy afirmou que "o inimigo também teve o que merecia", com baixas nas tropas de Moscou, mas sem informar um número preciso de soldados russos mortos no embate travado em Oktyrka.

Ainda incapazes de entrar em um consenso para cessar-fogo, o sexto dia da guerra entre a Rússia e a Ucrânia mantém Kiev em alerta, após as sirenes de ataque aéreo serem ouvidas na capital e em outras cidades próximas, a exemplo de Rivne, no oeste, junto com Ternopil, Vinnytsia e Volyn. As informações são do site ucraniano The Kyiv Independent.

Na região próxima à Kiev, uma maternidade foi atingida pelas forças lideradas por Vladimir Putin. O hospital está situado no vilarejo de Buzova, na rodovia Zhytomyr, onde ocorrem fortes combates, segundo reportou o Kyiv Independent. O gestor da maternidade, Vitaliy Girin, postou no Facebook que o prédio foi evacuado e não há relatos de feridos até o momento.

Mantendo a prática de atacar por diferentes frentes, as forças do exército da Rússia conseguiram adentrar a cidade de Kherson, no sul do país. Conforme informou a TV local, Kherson está "praticamente cercada por tropas russas", com dezenas de soldados e equipamentos militares por todos os lados, e postos de controle montados nas saídas da cidade.

O Serviço de Estado da Ucrânia para Comunicações Especiais e Proteção de Informações informou no Telegram que moradores relataram terem visto as tropas avançarem "do aeroporto para a rodovia Nikolaev". Já o serviço da BBC disse ter ouvido "explosões poderosas" perto do aeroporto de Kherson.

No Facebook, o prefeito local, Igor Kolykhaye, afirmou que a cidade "continua sendo dominada pelas forças ucranianas", mas orientou aos moradores que não saiam de suas residências durante o toque de recolher e "não provoquem o inimigo ao conflito".

Um vídeo publicado no Twitter pela Nexta, TV da Ucrânia, mostra soldados russos andando pelas ruas de Kherson.

Kiev em alerta Durante toda a segunda-feira (28), Kiev esteve sob diversos alertas de ataques aéreos na cidade, com orientações para que a população permanecesse em abrigos durante determinados períodos. Ontem (28), imagens de satélite mostravam um comboio russo de 27 quilômetros de extensão a menos de 50 km dos limites da cidade.

Somente na segunda-feira, o canal oficial da Prefeitura de Kiev no Telegram anunciou 13 alertas de ataques aéreos. A cidade está sob toque de recolher entre 20h e 7h locais (15h a 2h de Brasília). 

O toque de recolher que durou no fim de semana havia sido encerrado na manhã de ontem. O exército russo chegou a declarar que os civis podiam sair "livremente" de Kiev e acusou o governo ucraniano de utilizá-los como "escudos humanos". Após bombardeios e alertas de ataques aéreos, a prefeitura retomou o toque de recolher e o deixou mais restrito: iniciando às 20h (locais) e não 22h, como proposto inicialmente..

Há relatos e imagens de explosões na cidade mesmo durante a reunião entre as delegações da Ucrânia e da Rússia, que ocorreu em Belarus e terminou sem um acordo entre os países; as negociações duraram mais de cinco horas e uma nova reunião deve ser marcada em breve..

Ucrânia pede para entrar na União Europeia

 Diante da escalada dos conflitos, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, assinou ontem um pedido oficial para que a União Europeia "admita urgentemente" a entrada da Ucrânia no bloco. Ele também divulgou uma mensagem para os soldados russos, pedindo para que deixem a Ucrânia e dispensou o visto para voluntários estrangeiros que queiram se juntar ao exército ucraniano.

Ministro da Defesa da Ucrânia, Oleksii Reznikov foi outro a endossar aos soldados russos que eles receberão anistia total e compensação monetária se aceitarem depor voluntariamente suas armas.

Reunião rara na ONU 

A Assembleia-Geral da ONU (Organização das Nações Unidas) iniciou nesta segunda-feira uma reunião de emergência; encontros assim são raros, e desde 1950, houve apenas dez reuniões do

O embaixador da Rússia, Vasily Nebenzya, disse que "não chamaria de guerra" os ataques à Ucrânia e, sim, de "operação militar especial".

Em seu discurso, o Brasil evitou criticar diretamente a Rússia, mas disse que as preocupações do país com sua segurança não justificam uma ação militar. Já o presidente Jair Bolsonaro (PL), em entrevista à Jovem Pan, disse que não tem o que conversar com a Ucrânia e minimizou as sanções impostas à Rússia, citando Putin como um aliado.

Doze membros da missão diplomática da Rússia na ONU receberam ordens para deixarem os Estados Unidos até 7 de março sob acusação de espionagem.

O procurador do Tribunal Penal Internacional, Karim Khan, decidiu abrir investigações sobre a guerra.

Juliana Arreguy e Tiago Minervino
Do UOL, em São Paulo, e colaboração para o UOL, em Maceió


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