quinta-feira, setembro 15, 2022

De fim de cotas a defesa de armas, pauta conservadora é rejeitada por maioria e 83,4% afirma haver racismo no país, aponta pesquisa

Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

A pauta conservadora, quase toda identificada com o bolsonarismo — como oposição às cotas raciais, defesa das armas, criação de crianças por casais gays e à demarcação das terras indígenas — é amplamente rejeitada pela população. É o que mostra pesquisa feita pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública e pela Rede de Ação Política pela Sustentabilidade (Raps), por meio do Datafolha.

A pesquisa mostra que 67,8% apoiam a adoção de cotas raciais nas universidades e no
 serviço público para a redução da desigualdade entre brancos e negros no Brasil, assim como 87,7% da população considera justo que uma pessoa muito pobre receba o Auxílio Brasil ou o Bolsa Família — esse número cresce para 92,1% quando se trata de ajudar quem está passando fome.

A exceção é o aborto: 41,8% acreditam que a interrupção da gravidez deveria ser totalmente proibida, ao contrário do que já prevê a lei brasileira. Hoje, o aborto é permitido em casos de estupro, anencefalia e risco de vida para a mãe.

A propensão de apoio à agenda dos direitos civis, humanos e sociais mostrou, por exemplo, que 82,2% dos brasileiros concordam totalmente ou simplesmente concordam com a ideia de que o Congresso Nacional deveria ter a mesma quantidade de homens e mulheres.

Apenas 7,9% da população discorda total ou parcialmente da ideia de representação paritária de gênero entre deputados e senadores.

Mas não foi só. A imensa maioria dos brasileiros afirmou haver racismo no país (83,4%) e somente 11,3% dos entrevistados negaram essa realidade. Outra maioria (64,7%) se formou para defender a ideia de que um casal homossexual (com dois homens ou com duas mulheres) pode criar filhos tão bem quanto um casal tradicional, formado por um homem e por uma mulher.

Entre diversos tópicos, apenas uma das chamadas pautas conservadoras encontrou apoio majoritário: a proibição do aborto em qualquer situação tem o aval de quase 42% da população ante a rejeição de 36,2%.

Além dessa, somente uma outra questão dividiu a população: os efeitos da reforma trabalhista feita no governo de Michel Temer (MDB). Ao todo, 39,7% dos entrevistados discordaram que as mudanças trouxeram mais empregos ante a concordância de 37,4%.

Outra pauta cara ao bolsonarismo rejeitada pela população é a ideia de que a sociedade brasileira seria mais segura se as pessoas andassem armadas para se proteger da violência. Apenas 18,2% da população apoia essa proposta ante 66,4% que a rejeitam.

Ainda na área da Segurança Pública, 67,6% afirmaram que melhorar as condições das prisões brasileiras é fundamental para reduzir o poder das facções criminosas nos presídios (19,2% discordam).

Mais um tema bolsonarista rejeitado pela população está ligado às terras indígenas. Desde que assumiu, o presidente paralisou a demarcação de novas reservas. A pesquisa mostra que, ao todo, 82% da população concorda que os povos indígenas devem ter suas terras demarcadas.

Correio Braziliense

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