quinta-feira, julho 20, 2023

Brasil registra em 2022 o maior número de estupros da história

Foto/divulgação

Em 2022, o Brasil registrou o maior número da história de casos de estupros - considerando também estupros de vulneráveis. Segundo os dados da 17ª edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgados nesta quinta-feira (20), foram 74.930 vítimas.

Foram cerca de 6.244 casos por mês
Ou 205 registros do crime por dia.

O levantamento considera casos de ocorrências que foram informados às autoridades policiais. Como nem todos são registrados, pode haver subnotificação. De acordo com a série histórica do Anuário, 2022 teve o maior número de registros. Um crescimento de 8,2% na comparação com 2021, quando foram 68.885 ocorrências.

Segundo o Anuário, são cerca de 36,9 casos de estupro a cada grupo de 100 mil habitantes.

61,4% das vítimas que tiveram ocorrência registrada tinham no máximo 13 anos. De acordo com os dados, a maior alta se deu justamente entre estupros de vulneráveis, com 8,6%. Em 2021, foram 52.057 casos registrados, e, em 2022 passou para 56.829.

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, publicou nesta quinta-feira (20) em rede social uma lista de ações planejadas pelo governo para lidar com o aumento de crimes violentos, como o estupro, e de casos de estelionato e racismo. Dino fala em "plano específico para a Amazônia" e controle de armas para combater alta da violência.

O estado que apresentou o maior índice de aumento de registros foi o Amazonas, com 50,8%. Em números absolutos, saltou de 388 para 591 casos.

"Realmente houve uma explosão de casos e, quando olhamos os dados com desagregação, notamos que o que mais cresceu foi estupro de vulnerável, que em sua maioria atinge crianças. Uma das hipóteses que trabalhamos, a partir de estudos de outros países, é que o fechamento das escolas ampliou a vulnerabilidade de crianças tanto de violência sexual, abuso sexual, quanto maus-tratos", afirma Samira Bueno, diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

"Se você olhar os indicadores de violência contra crianças, todos crescem. Em 2020 e 2021, foram anos que tivemos muitas interrupções de dias do período letivo por conta das medidas de isolamento social e 2022 foi o momento da retomada da escola, que é o ambiente em que muitas vezes você identifica que a criança está sofrendo abuso", continua.

Nos casos de estupro apenas entre não vulneráveis, de 2021 até 2022 houve um aumento de 7% de casos. No ano passado, foram registradas 16.837 vítimas no país. Em 2022, o número saltou para 18.110. O estado com maior variação foi o Acre, com um aumento de 31,1% no registro de casos.

Estados com maior aumento de casos

Amazonas: passou de 603 para 836 (aumento de 37,3%)

Roraima: passou de 553 para 726 (aumento de 28,1%)

Rio Grande do Norte: passou de 696 para 881 (aumento de 26,2%)

Acre: passou de 593 para 745 (aumento de 24,4)

Pará: passou de 3.669 para 4.557 (aumento de 23,5)

O levantamento também analisou dados de tentativas de estupro. De 2021 para 2022, o número aumentou 3%, de 4.482 para 4.639. Os estados de São Paulo e Pernambuco não divulgaram dados do tipo.

Casos de assédio sexual também tiveram aumento: 48,7%. O estado de São Paulo não divulgou a quantidade de registros no ano passado.

2021: 5.202 casos no país
2022: 6.114 casos no país

Perfis das vítimas

Seis em cada dez vítimas têm entre 0 e 13 anos, e foram abusadas principalmente por familiares ou outros conhecidos.

10,4% das vítimas de estupro eram bebês e crianças com até 4 anos;
17,7% das vítimas tinham entre 5 e 9 anos;
33,2%, entre 10 e 13 anos;
61,4% tinham no máximo 13 anos;
Aproximadamente 8 em cada 10 vítimas de violência sexual eram menores de idade.

Na faixa que vai de 14 a 17 anos, a maior parte dos estupros ainda é de vulnerável, em situações em que a vítima, por qualquer razão, não é capaz de oferecer resistência.

Em 2022, 88,7% das vítimas se identificavam pelo sexo feminino e 11,3%, pelo masculino.

Pessoas negras seguem sendo as principais vítimas da violência sexual:

Em 2021, 52,2% das vítimas eram pretas ou pardas

Em 2022, a porcentagem de vítimas pretas ou pardas aumentou para 56,8%.

Ao traçar o perfil do agressor, foi identificado que, em 64,4% dos casos em que a vítima possui até 13 anos, o abusador é um familiar. Quando a vítima tem mais de 14 anos, em 37,9% dos casos também é um familiar.

g1 SP — São Paulo

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