quinta-feira, janeiro 05, 2023

Em Alagoas, mulher é morta por ex-marido dias antes de conseguir medida protetiva


A demora no envio de uma intimação sobre medida protetiva a uma mulher que denunciou o ex-marido por violência doméstica virou alvo de apuração da Corregedoria-Geral da Justiça de Alagoas. Isso porque o documento foi entregue na casa da vítima no dia 3 de janeiro, três dias depois de a mulher ter sido assassinada pelo réu.

Elizabete Nascimento Araújo tinha 45 anos e foi morta a tiros no bairro do Jacintinho na noite do réveillon. O suspeito do crime, Evanderson Seixas, de 33 anos, é considerado foragido.

A vítima procurou a Delegacia de Defesa dos Direitos da Mulher no dia 13 de dezembro, depois das últimas ameaças feitas pelo ex-marido.

Em depoimento, a consultora de vendas disse que já havia sofrido inúmeras agressões físicas e verbais e que temia pela própria vida. Em caráter de urgência, a delegada Paula Merces solicitou à Justiça medida protetiva para Elizabete, que foi autorizada no dia 19 de dezembro pelo juiz Paulo Zacarias.

O mandado foi expedido no dia seguinte em caráter de urgência. Na mesma data, a Justiça pediu a inclusão de Elizabete no rol de proteção da Patrulha Maria da Penha. Apesar da urgência, a intimação só foi entregue três dias depois do assassinato de Elizabete.

"Compareci ao endereço nele descrito, às 13 horas do dia 03/01/2023, onde fui informado pelo Sr. Alex Costa da Silva, cunhado da intimanda, que a mesma fora assassinada no dia 31/12/2022, por volta do meio-dia pelo agressor/réu Evanderson Seixas dos Santos, tendo seu corpo enterrado no dia de ontem. Deste modo, DEIXEI DE INTIMAR Elizabete Nascimento de Araujo", registrou o oficial de justiça responsável.
Sobre a demora nada entrega do documento, o Tribunal de Justiça de Alagoas informou que a Corregedoria-Geral da Justiça instaurou procedimento para apuração do caso.

Cronologia dos fatos

3 de dezembro, Elizabete vai à delegacia
13 de dezembro, é solicitada a medida protetiva
19 de dezembro, juiz autoriza medida protetiva
20 de dezembro, medida protetiva é expedida em caráter de urgência
20 de dezembro, juiz solicita proteção da Patrulha Maria da Penha
31 de dezembro, Elizabete é assassinada
3 de janeiro, medida protetiva é entregue

Relação conturbada

Elizabete e Evanderson viviam juntos há 12 anos. No depoimento, a vítima contou que o ex-marido não gostava de ser contrariado e que tinha comportamento explosivo. Ela disse que descobriu diversas traições dele e que chegou a terminar a relação, embora o tenha perdoado e reatado.

Investigação

De acordo com a polícia, no dia do crime, Evanderson estava em uma motocicleta e perseguiu Elizabete. Os dois teriam brigado no meio da rua e ele, atirado diversas vezes contra ela. A moto em que ele estava pertencia ao casal. Após fugir do local, ele teria abandonado a moto na casa da sua mãe.

O caso está sendo investigado pela Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) como feminicídio.

De acordo com as investigações, Evanderson matou Elizabete por não se conformar pelo fim do relacionamento, embora ele já estivesse morando com uma outra mulher. Ele teria exigido R$ 10 mil para se separar da vítima.

Entre idas e vindas, a consultora de vendas disse que a agressões aumentavam, assim como as traições. Decidida a romper com o ciclo de violência, Elizabete conta que terminou o casamento, mas, logo em seguida, sofreu retaliações.

Segundo ela, Evanderson expôs fotos íntimas dela na internet e chegou a ir ao seu trabalho para ameaçá-la de morte. A vítima conta que, no mesmo dia, o ex-marido invadiu a sua casa e quebrou seus móveis.

g1 AL

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