Para falar sobre a estreia e as dificuldades enfrentadas pelos artistas circense durante o longo tempo de paralisação das atividades, conversamos com Lucas Matias. Ele é um dos diretores do Xangay e também se apresenta no picadeiro. Lucas é o Palhaço Mixaria'.
Em uma trevista bate-papo com Assis Ramalho, Lucas falou de sua satisfação em voltar a trabalhar naquilo que mais gosta e, com emoção, fez um relato das dificuldades pelas quais os artistas circenses passaram durante o longo período sem trabalho.
Ainda de acordo com o "Palhaço Mixaria", o circo vai cumprir todos protocolos sanitários de enfrentamento da pandemia. ''Todas as medidas de proteção serão tomadas para evitar a proliferação da Covid-19, como o distanciamento e o afastamento das cadeiras e a disponibilização de álcool em gel em todo o interior do circo'', garante o circense. Ele enfatizou que a capacidade da estrutura é para 1.000 pessoas, porém, o público será limitado à "metade da metade".
Lucas adiantou que serão exibidas duas sessões diárias: a primeira terá início às 19 horas, e a segunda sessão começará por volta das 20h30. O ingresso custa R$ 5,00 para crianças e R$ 10,00 para o adulto.
A data foi criada para homenagear esses profissionais, que ficaram populares através de suas participações em circos. Afinal de contas, um circo sem palhaço não é nada divertido!
Para mostrar um pouco da vida e história de um palhaço, a reportagem do Blog de Assis Ramalho e da Web Rádio Petrolândia mostra reprise de uma entrevista com o palhaço Gargalhada. Na oportunidade, o Circo Moscou fazia temporada em Petrolândia. Reveja abaixo
Assis Ramalho: Como é a vida de um palhaço?
Palhaço Gargalhada: A vida de um palhaço é uma vida interessante, onde a gente diverte as pessoas, crianças e adultos e a gente se diverte também, porque a gente é feliz porque a gente está fazendo um trabalho em que (se) faz as pessoas sorrirem, onde existe no mundo lá fora as pessoas fazendo as pessoas chorarem.
Assis Ramalho: O palhaço Gargalhada está neste ramo há quanto tempo?
Assis Ramalho: Esse dom veio de família ou foi um intuito seu?
Palhaço Gargalhada: Eu acho que eu já nasci com o circo no sangue, até porque na minha família, nenhum é circense. Eu, quando era criança na cidade de Arapiraca, em Alagoas, todos os circos que vinham, eu ficava só ouvindo o que o palhaço falava e o mestre de cena. O mestre de cena é aquele rapaz que trabalha com o palhaço. Na verdade, ele é a escadinha da gente. Quando eu chegava em casa, eu ficava falando sozinho, o que um fala e o que o outro fala. Isso eu aprendi com dez anos de idade. Aí, passou um circo (em Arapiraca), chamado “Café dos Artistas”, onde dava oportunidade, todas as segundas-feiras, aos cantores que cantavam em circo. E eu cheguei lá dizendo que já era palhaço e eu nunca tinha entrado em um picadeiro. Eu ensaiava sozinho na minha casa. Aí eu fui contratado como palhaço, cheguei no circo e tive o privilégio de agradar mais do que os palhaços que já estavam há muitos anos lá.
Assis Ramalho: Ninguém sabia que você não era palhaço...
Palhaço Gargalhada: Até porque eu já cheguei imitando a voz de um palhaço. E, depois disso, a gente já esta aí há vinte anos de carreira, viajando por todo o Brasil.
Assis Ramalho: Você disse que desde criança adora circo. Cá pra nós, confessa pra mim, você nunca pulou um circo (pular a cerca pra não pagar o ingresso)?
Palhaço Gargalhada: Na verdade, meu pai não queria que eu fosse ao circo. Eu pulava a janela de casa e inclusive eu aprendi a ser artista pulando o circo.
Assis Ramalho: O palhaço tem a magia de levar a alegria para o povão, mas o palhaço também tem dificuldedes, tem tristeza. Como é a vida de um palhaço quando está triste e tem que fazer a alegria do povo?
Palhaço Gargalhada: Essa é a parte da magia. O palhaço, ele não leva a vida pessoal para o picadeiro. A gente pode estar triste, pode estar desanimado, ter tido uma desilusão amorosa, pode ter um problema de saúde, com a família, mas a gente, quando entra no picadeiro, esquece tudo. O problema da gente é o seguinte: o problema da gente é alegria. O picadeiro não tem problema. Inclusive, não aconteceu comigo, mas aconteceu com amigos meus, de o pai, a mãe falecer, a família ligar, e ele não ter como ir e subir no picadeiro pra fazer as pessoas felizes.
Assis Ramalho: É a vida que você quer levar para para sempre, Gargalhada?
Palhaço Gargalhada: É, é a vida que eu quero levar para sempre e agradeço a Deus por ter me dado o dom de fazer as pessoas sorrirem e tirar daquelas pessoas que estão tristes, que vêm ao circo, vêm sorrir, vêm se divertir e não tem coisa melhor pra mim.
Assis Ramalho: O melhor salário de um palhaço é ver uma criança sorrir?
Palhaço Gargalhada: O cachê melhor é ver uma criança sorrir e os aplausos. Eu acredito que todos somos uma uma criança.
Assis Ramalho: Vocês (do Circo Moscou) têm uma parceria com Dedé Santana (humorista da TV Globo)?
Palhaço Gargalhada: Temos uma parceria com Dedé Santana da Rede Globo. Mas devido à agenda dele, porque ele é um artista que não grava somente para o Brasil. Ele vai pra Portugal, vai para vários países. Mas quando tem uma folga na sua agenda, ele vem em um final de semana onde a gente está.
Assis Ramalho: Obrigado e que o palhaço Gargalhada volte outras vezes a Petrolândia.
Palhaço Gargalhada: O prazer foi meu e quero convidar todos os papais e mamães para vir ao circo, até por que o circo não tem nada imoral, e a televisão, se você for frisar bem, está apelando. Mas a gente agradece (à TV), até porque quase todas as novelas hoje têm a participação de um circo, e eles estão gravando vários documentários. Então a televisão, ao mesmo tempo, está levantando o circo, porque todos os programas hoje, praticamente, chamam artista do circo para fazer participações e dar audiência aos programas de televisão.
Assis Ramalho: Obrigado, Gargalhada! Até uma outra oportunidade.