quarta-feira, abril 26, 2023

Em depoimento à Polícia Federal, Bolsonaro alega uso de remédios e diz que postou vídeo 'sem querer'

O ex-presidente Jair Bolsonaro ao deixar a sede da Polícia Federal, em Brasília, onde prestou depoimento sobre os atos de 8/1 Imagem: Pedro Ladeira/Folhapress.

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) alegou hoje em depoimento à Polícia Federal que estava sob efeitos de remédios no dia em que postou um vídeo após os atos golpistas em Brasília. 

Segundo os advogados Paulo Cunha Bueno e Daniel Tesser e seu assessor Fábio Wajngarten, Bolsonaro iria compartilhar o vídeo consigo mesmo no WhatsApp, para assistir depois, mas acabou postando no Facebook.

 O que aconteceu:

* Bolsonaro foi ouvido hoje pela Polícia Federal por cerca de duas horas no inquérito que investiga os atos golpistas.

* O ex-presidente passou a integrar a apuração após postar, em uma rede social, um vídeo com fake news sobre as eleições. Isso ocorreu dois dias após a invasão das sedes dos três Poderes. O vídeo depois foi deletado.

""Este vídeo foi postado na página do presidente no Facebook quando ele tentava transmiti-lo para seu arquivo de WhatsApp para assistir posteriormente. Por acaso, justamente neste período, o presidente estava internado num hospital em Orlando, justamente no período do dia 8 ao 10 [de janeiro] quando ele teve uma crise de obstrução intestinal, isso está documentado, foi submetido a tratamento com morfina, ficou hospitalizado e só recebeu alta na tarde do dia 10." disse Paulo Cunha Bueno, advogado de Bolsonaro.

''Essa postagem foi feita de forma equivocada, tanto que, pouco tempo depois, duas a três horas depois, ele foi advertido e imediatamente retirou essa postagem.".

Paulo Cunha Bueno, advogado de Bolsonaro.
.

* Os advogados negaram que tenha sido Carlos Bolsonaro, filho do ex-presidente, que tenha postado o vídeo de 8/1

* A defesa afirmou que vai disponibilizar à Polícia Federal os metadados da publicação de Bolsonaro, que apontam por quem, quando e onde a postagem foi feita.

* Durante toda a entrevista, os advogados frisaram que Bolsonaro repudiou os ataques de golpistas em Brasília.

''Em nenhum momento, o presidente Bolsonaro fez qualquer juízo de valor quanto ao conteúdo do vídeo. E o presidente reiterou no depoimento de hoje, recriminou, todo e qualquer ato antidemocrático que visa gerar instabilidade na ordem democrática e isso está consignado no depoimento de hoje."

Disse Fábio Wajngarten..

* Durante o depoimento à PF, não houve questionamento sobre a relação de Bolsonaro e Anderson Torres, segundo os advogados. Mas ele se colocou à disposição para novos esclarecimentos para os delegados da PF.

* Wajngarten disse ainda que o acervo do presidente se encontra temporariamente guardado na casa do ex-piloto e empresário Nelson Piquet. São camisetas de futebol e presentes variados.

* Após o depoimento, Bolsonaro chegou a descer do carro em que estava para que os fotógrafos da imprensa fizessem imagens..

* Aos cinegrafistas, disse que "estava com saudade de vocês". Ao notar que os jornalistas iriam ao seu encontro, o ex-presidente entrou no carro e seguiu viagem.

* O depoimento de Bolsonaro ocorreu após determinação do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), atendendo a pedido da PGR (Procuradoria-Geral da República).

O que dizia a postagem.

* A postagem foi compartilhada em 10 de janeiro deste ano. Nela, Bolsonaro diz que Lula não foi eleito pelo povo, e sim escolhido pelo serviço eleitoral junto a ministros do STF e do TSE (Tribunal Superior Eleitoral)..

* A publicação viralizou rapidamente nas redes sociais e foi apagada pouco depois.

* O post era trecho de uma entrevista de Felipe Gimenez, procurador do Mato Grosso do Sul, apoiador declarado de Bolsonaro, alegando que não houve transparência na apuração das urnas eletrônicas e que não é possível ver a contagem dos votos. O que não é verdade.

Também é questionada a credibilidade das urnas eletrônicas eleitorais e dito que o código fonte não pode ser verificado, além de ser defendido o uso de voto impresso..

Leonardo Martins
Do UOL, em Brasília

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