terça-feira, março 19, 2024

Emoção, Israel, e guerra nas redes: a reunião ministerial de Lula




O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez cobranças aos seus 38 ministros, ontem, durante a quinta reunião ministerial de seu terceiro mandato. Foi o primeiro encontro do tipo em 2024. O chefe do Executivo cobrou que a sua equipe viaje mais pelo país para entregar obras e apresentar ações do Executivo federal. O petista também pediu que a comunicação do governo melhore e avaliou que, assim como perdeu a “guerra nas redes” durante a eleição presidencial de 2022, está perdendo novamente agora.

O encontro foi convocado por Lula depois de sua aprovação cair em pesquisas de avaliação do seu governo. Estava marcado para as 9h, mas só foi começar por volta de 9h45, com discurso de 15 minutos do petista. Durou cerca de 5 horas. Depois do presidente, foi a vez de Rui Costa (Casa Civil) apresentar as ações do governo. Levou uma hora mostrando um cenário sem falhas governistas e foi até cobrado, em um bilhete, por mais “entusiasmo” na apresentação.

O recado foi inicialmente creditado ao vice-presidente e ministro da Indústria, Geraldo Alckmin (PSB), por outros ministros. Ao final da reunião, no entanto, Alckmin negou ter sido o autor do bilhete, que foi escrito por Lula. Leia a seguir alguns dos principais momentos da reunião:Nísia Trindade – a ministra da Saúde se emocionou ao discursar sobre as ações de enfrentamento à dengue no país e relatou enfrentar “fogo amigo” no comando do ministério. Foi cobrada pelo presidente sobre a campanha de vacinação contra a doença, considerada mal executada por passar a impressão, na avaliação do presidente, de que as vacinas poderiam resolver o problema. Lula também pediu para ser avisado por ela previamente sobre potenciais crises na área. Aos demais ministros, pediu para não ser “blindado”;
viagens pelo Brasil – Lula pediu que os ministros façam entregas robustas nos Estados e disse não querer eventos “chochos”. Quer, com isso, aumentar a presença do governo federal nas cidades para poder mostrar os resultados de sua gestão. Disse que é preciso “traduzir” para a população que muitas das políticas públicas são ações do governo federal. As eleições municipais serão realizadas em outubro deste ano;
comunicação digital – o presidente também pediu melhorias na comunicação digital do governo. Afirmou que perderam a “guerra das redes” nas eleições de 2022 e estão perdendo de novo agora. Disse que não basta “apenas cumprir as promessas”, é preciso mostrar que elas foram cumpridas;
popularidade – o ministro Paulo Pimenta (Secretaria de Comunicação Social) apresentou informações sobre as recentes pesquisas de avaliação do governo e de Lula. Mostrou que o presidente está melhor avaliado nos Estados governados por aliados. Indicou que haverá campanha nas redes sociais focadas nos principais programas, como o Bolsa Família. Também reforçou a necessidade de ampliar a propaganda governamental em mídia regional, como forma de chegar até a ponta, ou seja, até a população comum;
Israel – Lula afirmou aos seus ministros que “a Israel que está na Bíblia não é a mesma Israel de [Benjamin] Netanyahu”, em referência ao primeiro-ministro do país. Disse que as recentes críticas que tem feito à ofensiva israelense na Faixa de Gaza não são direcionadas ao país ou ao povo judeu, mas ao líder israelense;
fuga em Mossoró (RN) – o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, apresentou o atual cenário das buscas de 2 fugitivos de uma penitenciária federal no Rio Grande do Norte. A tentativa de recapturá-los dura mais de 1 mês. O ministro disse que a geografia da região complica a operação.

Durante seu discurso inicial, Lula fez críticas a uma suposta “tentativa de golpe” planejada por seu antecessor, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), e destacou números positivos do governo.

“Se, há 3 meses, quando a gente falava em golpe parecia apenas insinuação, hoje nós temos certeza que esse país correu sério risco de ter um golpe em função das eleições de 2022. E não teve golpe, não só porque algumas pessoas que estavam no comando das Forças Armadas não quiseram fazer, não aceitaram a ideia do presidente, mas também porque o presidente é um covardão”, declarou.

Os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Alexandre Padilha (Secretaria de Relações Institucionais) e Cida Gonçalves (Mulheres) também falaram no encontro. O tom da conversa foi de balanço da gestão e como é possível melhorar a comunicação das ações do governo.

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, faltou ao encontro. O chanceler está em viagem ao Oriente Médio e recebeu no domingo (17.mar) uma homenagem da Autoridade Palestina a Lula pelos esforços do petista na criação de um Estado palestino. Ele foi substituído pela número 2 do Itamaraty, Maria Laura da Rocha.

Poder 360

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