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Em uma iniciativa histórica, o povo Pankararu, comunidade indígena do sertão de Pernambuco, está à frente de um movimento para conceder personalidade jurídica ao Rio São Francisco, reconhecendo-o como entidade viva com direitos próprios. A proposta, inspirada em casos internacionais como o Rio Whanganui (Nova Zelândia) e o Ganges (Índia), busca proteger o Velho Chico, ameaçado por problemas crônicos como poluição, desmatamento, superexploração, além das secas.
Para os Pankararu, o Velho Chico é mais que um recurso hídrico: é um ancestral. “O Rio São Francisco é um território ancestral, morada dos nossos antepassados e quando digo morada dos nossos antepassados, me refiro a morada da nossa espiritualidade, porque ali não era apenas para pesca, caça ou morar e buscar a própria sobrevivência, mas, sobretudo é o lugar onde nossos antepassados praticavam também seus rituais sagrados, por isso um lugar sagrado que vive na memória das nossas pessoas, dos nossos indígenas. Então, lutar para tornar o rio um sujeito de direito é, sobretudo, cuidar desse rio que está praticamente agonizando com os maus-tratos dos não indígena e aí envolve desde os grandes empreendimentos até a poluição, a pesca predatória, a construção das barragens e isso levou, historicamente o nosso afastamento, a expulsão dos nossos povos desse território sagrado e que é um espaço que mora no consciente”, explicou a professora indígena, Elisa Pankararu, Mestre e Doutoranda em Antropologia Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).