terça-feira, maio 03, 2022

Saúde pública: episódio no Hospital da Restauração repercute no Plenário da Alepe

Foto: Roberto Soares/Alepe


O desabamento de parte do teto do setor de emergência do Hospital da Restauração (HR), no Recife, motivou debates na Reunião Plenária da Assembleia Legislativa de Pernambuco nesta terça (3). A Bancada de Oposição criticou a gestão da saúde pública no Estado e prometeu mostrar à sociedade uma radiografia do setor, apontando problemas e cobrando soluções. Em resposta, governistas ressaltaram o aumento dos investimentos estaduais nos últimos anos, além de pontuar o alinhamento dos oposicionistas a pautas de privatização dos serviços públicos e de diminuição do Sistema Único de Saúde (SUS).

Em discurso no Pequeno Expediente, o deputado Coronel Alberto Feitosa (PL) afirmou que os problemas na saúde se arrastam há muito tempo, com superlotação em hospitais, falta de alimentação e de medicamentos. Para ele, o Governo do Estado age com “descaso” nas diversas áreas da administração.

O parlamentar anunciou estar colhendo assinaturas para a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Alepe. “Precisamos investigar a fundo e revelar a real situação da saúde, além de apresentar propostas de melhoria do serviço. Peço o apoio dos colegas nessa inciativa”.

A deputada Clarissa Tércio (PP) classificou de “aterrorizante” o que ocorreu no HR e aproveitou para relatar denúncias de mulheres que tiveram filhos no Hospital Barão de Lucena, na Zona Oeste da Capital. “No último final de semana, essa unidade de saúde estava com 37 bebês internados em leitos improvisados, alguns precisando de UTI. Três deles tiveram paradas cardíacas e um acabou morrendo. As mães entraram em desespero”, salientou, ao falar no Grande Expediente.

Outros parlamentares endossaram as críticas, em apartes. “O que aconteceu prova o descaso do Executivo com a saúde da população. Os cidadãos nos pedem ajuda o tempo todo para conseguir atendimento. A Alepe precisa cobrar a responsabilidade do Governo”, alertou Priscila Krause (Cidadania). Para ela, os dois casos mostram a fragilidade da saúde em Pernambuco. “Faltam atendimento médico e estrutura, é desumano. Não podemos assistir a esses fatos passivamente. A CPI é mais do que necessária. Vamos conseguir as assinaturas. O Estado terá que responder pelos atos equivocados e tornar o setor prioridade.” Tércio pretende acionar o Ministério Público Estadual, assim como propor visita técnica ao HR e audiência pública sobre o assunto na Comissão de Saúde.

“Nesta Legislatura, já fizemos várias críticas, mas o que aconteceu no HR deve mobilizar a Casa e a população a cobrar investimentos no setor. Não podemos compactuar com o sofrimento causado à população”, afirmou o líder da Oposição, Antonio Coelho (União). Os deputados Joel da Harpa (PL), Álvaro Porto (PSDB) e Romero Sales Filho (União) compartilharam desse entendimento.

Resposta

“Em 2008, a União respondia por 65% dos investimentos e o Estado, pelos outros 35%. No ano passado, Pernambuco arcou com 60% dos custos”, informou. Por fim, o parlamentar registrou a expansão da rede física local e a contratação de 13,8 mil profissionais de saúde durante a gestão de Paulo Câmara. “Em 2021, investimos 16,45% do nosso orçamento no setor, enquanto a obrigação constitucional é de 12%. Somos os que mais investem em saúde no Nordeste”, concluiu. Líder do Governo, o deputado Isaltino Nascimento (PSB) ocupou a tribuna na sequência para apontar supostas incoerências nos discursos dos oposicionistas. “Algumas vozes são de partidos que se alinham ao presidente da República e defendem uma posição de extinção do SUS, do financiamento obrigatório para a saúde e do concurso público”, registrou, alertando que o aporte de recursos federais para sustentar a saúde pernambucana vem diminuindo ao longo dos anos.

Ele foi apoiado pelos deputados Rodrigo Novaes (PSB) e João Paulo (PT), que usaram os apartes para destacar os esforços do Executivo Estadual. “Destaco a construção do Hospital Eduardo Campos, em Serra Talhada, que foi fundamental durante a pandemia”, observou Novaes. “Não podemos analisar a situação do Hospital da Restauração de maneira simplória. É preciso registrar o corte de R$ 40 bilhões que o governo Bolsonaro promoveu na saúde”, acrescentou o petista.

Alepe

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