quarta-feira, março 09, 2022

Ucrânia diz que Rússia bombardeou hospital infantil deixando pacientes sob escombros e ferindo mulheres em trabalho de parto

O governo ucraniano disse nesta quarta-feira que um ataque aéreo da Rússia danificou um hospital infantil e maternidade na cidade portuária de Mariupol, que está sitiada no Sul do país, deixando pacientes sob escombros e ferindo mulheres em trabalho de parto.

O ataque, que o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, chamou de "atrocidade" no Twitter, aconteceu apesar de um acordo de cessar-fogo parcial para permitir a fuga de milhares de civis da cidade, onde, segundo a Cruz Vermelha, as condições são “apocalípticas”.

O governador da região de Donetsk afirmou que, de acordo com informações preliminares, ao menos 17 adultos ficaram feridos, incluindo mulheres em trabalho de parto e funcionários, alguns em estado grave. A prefeitura de Mariupol, que confirmou o ataque, informou que ainda não sabe o exato número de vítimas, afirmando que "a destruição é colossal" e que o local foi atingido várias vezes.

— Há 17 feridos confirmados — disse a autoridade regional Pavlo Kirilenko à televisão ucraniana, acrescentando que, de acordo com os relatórios iniciais, "não havia crianças" entre as vítimas, assim como nenhuma morte.

A Missão de Monitoramento da ONU na Ucrânia está verificando os números, afirmou seu porta-voz em Genebra.

Mariupol. Direct strike of Russian troops at the maternity hospital. People, children are under the wreckage. Atrocity! How much longer will the world be an accomplice ignoring terror? Close the sky right now! Stop the killings! You have power but you seem to be losing humanity. pic.twitter.com/FoaNdbKH5k— Володимир Зеленський (@ZelenskyyUa) March 9, 2022

“Ataque direto de tropas russas na maternidade. Pessoas, crianças estão sob os destroços”, escreveu Zelensky no Twitter. “Atrocidade! Por quanto tempo mais o mundo será um cúmplice ignorando o terror? Fechem os céus agora mesmo! Parem com os assassinatos! Vocês têm poder, mas parecem estar perdendo a humanidade”, continuou.

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, negou o ataque e afirmou que "as forças russas não atacam alvos civis". Segundo uma autoridade de Defesa dos EUA, há indicações de que o Exército da Rússia está usando bombas que não são guiadas com precisão.

O Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia publicou no Twitter imagens de vídeo que descreveu como sendo do hospital. A gravação mostrava janelas estouradas e pilhas de escombros soltando fumaça, com a legenda “Hoje, a Rússia bombardeou um hospital infantil e uma maternidade em Mariupol”.

O ministro de Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, acusou a Rússia de romper o cessar-fogo que permitiria a saída de milhares de civis da cidade portuária, que fica entre áreas separatistas pró-Moscou no Leste da Ucrânia e a Crimeia, anexada pela Rússia em 2014. Por sua vez, o Ministério da Defesa da Rússia culpou a Ucrânia pelo fracasso na retirada.

"A Rússia continua mantendo como reféns mais de 400 mil pessoas em Mariupol, bloqueando auxílio humanitário e retirada. Ataques indiscriminados continuam", escreveu Kuleba no Twitter. "Quase 3.000 recém-nascidos não têm remédios e alimentos."

Autoridades locais dizem que alguns civis deixaram várias cidades ucranianas por meio de corredores humanitários, incluindo para fora de Sumy, no Leste, e Enerhodar, no Sul, mas que as forças russas estão impedindo que ônibus retirem civis de Bucha, uma cidade nos arredores da capital, Kiev.

Segundo a Ucrânia, 67 crianças foram mortas em todo o país desde o início da invasão, em 24 de fevereiro, e ao menos 1.170 civis teriam sido mortos em Mariupol. Não é possível confirmar os números de forma independente, mas imagens de satélite da companhia mostram danos extensos a casas, blocos de apartamentos, mercados e shopping centers.

Críticas ao ataque

Após os relatos de destruição no hospital em Mariupol, o porta-voz da ONU, Stéphane Dujarric, reagiu afirmando que nenhuma unidade de saúde "deve ser alvo".

A ONU e a Organização Mundial da Saúde exigem "o fim imediato dos ataques a instalações de saúde, hospitais, profissionais de saúde, ambulâncias", disse Dujarric durante sua coletiva de imprensa diária.

O Globo e agências internacionais

Nenhum comentário:

Postar um comentário