domingo, janeiro 23, 2022

Rejeitado pela maioria do Nordeste, Bolsonaro viajará a reduto de Lula e Ciro em fevereiro

 

Em clima de campanha eleitoral, o presidente Jair Bolsonaro (PL) deve visitar no mês que vem Estados do Nordeste, segundo maior colégio eleitoral do País. Reduto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), é a região na qual o atual presidente, é a região na qual o atual presidente enfrenta maiores índices de rejeição.

Em conversa com apoiadores, o chefe do Executivo sinalizou que viajará em fevereiro à Paraíba e ao Ceará, berço político do ex-governador Ciro Gomes, pré-candidato do PDT ao Palácio do Planalto e, assim como Lula, também rival de Bolsonaro na eleição presidencial de 2022. 

Desde que recebeu alta do Hospital Vila Nova Star, em São Paulo, onde ficou internado com um quadro de obstrução intestinal no começo de janeiro, o presidente tem feito acenos às suas principais bases eleitorais e reciclado ataques contra as instituições.  Pressionado pelo efeito eleitoral da alta da inflação, também voltou a criticar a cobrança do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) nos Estados, considerado por ele como o “vilão” do preço dos combustíveis no País.

 Agora, Bolsonaro mira em um público que costuma votar no PT e, principalmente, em Lula: a população mais pobre do Nordeste. Como trunfo para conquistar esse eleitor, o presidente tem o Auxílio Brasil de R$ 400, que substituiu o programa de transferência de renda Bolsa Família, dos governos petistas. “Vou estar no mês que vem na Paraíba e acho que Ceará também”, disse o chefe do Executivo a apoiadores no cercadinho do Palácio da Alvorada.

Em seis de janeiro, um dia após sair do hospital, Bolsonaro concedeu uma entrevista à TV Nova Nordeste, elogiou a região e citou obras locais. De acordo com pesquisa Datafolha divulgada em 14 de dezembro, Bolsonaro alcança 67% de rejeição no Nordeste acima dos 60% no Brasil como um todo. Em 2018, o presidente perdeu na região para o então candidato do PT, Fernando Haddad.

AGENDA

Na semana seguinte à alta hospitalar, em tentativa de recuperar popularidade, Bolsonaro reservou sua agenda para entrevistas – a maioria a órgãos de imprensa alinhada ao governo – participação em culto evangélico e a presença em partida de futebol organizada por cantores sertanejos. A nova postura do presidente ocorreu ao mesmo tempo em que ele estava enfrentando dificuldades para se defender de críticas nas redes sociais, seu principal canal de contato público.

De 6 a 13 de janeiro, Bolsonaro voltou a criticar os ministros Luís Roberto Barroso e Alexandre de Moraes, seus alvos prediletos no Supremo Tribunal Federal (STF), escalou o conflito com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em torno da vacinação infantil contra a covid-19 e usou a inflação de 10,67% de 2015, no governo da petista Dilma Rousseff, para justificar o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 10,06% em 2021

Críticas a adversários

Hoje, Bolsonaro também fez uma crítica velada ao ex-ministro da Justiça Sérgio Moro (Podemos), pré-candidato à Presidência da República. “Depois da saída de um cara que estava na Justiça, não vou falar o nome dele aqui, eu acho que quintuplicou a apreensão de drogas”, afirmou a apoiadores.

Em 10 de janeiro, o Bolsonaro já havia criticado o ex-juiz da Lava Jato. Em entrevista exibida naquele dia pela rádio Jovem Pan, questionou se Moro entrou no governo em 2019 com o objetivo de se preparar para concorrer a presidente. “Ele foi no meu  governo para fazer um trabalho sério, para se blindar ou para se preparar para ser futuro candidato à Presidência da República? Têm três alternativas. Não deu certo, tirei ele fora, tinha que tirar”, declarou.

Sobre Lula, Bolsonaro tem dito que o petista quase “quebrou” a Petrobras e pode voltar à “cena do crime” junto com o ex-governador Geraldo Alckmin (sem partido), que negocia uma aliança para ser vice na chapa do PT..

“Muitos de vocês, a maioria de vocês que trabalham comigo poderiam estar muito bem fora (na iniciativa privada), mas estão aqui dando a sua cota de sacrifício, ajudando esse Brasil aqui a realmente, vencer essa crise aqui, que se encontra no momento, e fazer também com que não volte para as mãos de bandidos, canalhas, que ocupavam esse espaço aqui para assaltar o País para um projeto de poder”, declarou Bolsonaro, durante o lançamento de linhas de crédito para o setor de Aquicultura e Pesca no Palácio do Planalto, em 12 de janeiro.

Pesquisa

Na pesquisa Ipespe mais recente, Lula obteve 44% das intenções de voto para o primeiro turno da eleição. Bolsonaro veio em segundo lugar, com 24%. Moro figurou em terceiro, com 9%, e Ciro em quarto, com 7%. 

Na simulação de segundo turno, Lula teria 56% dos votos totais e Bolsonaro, 31%. Em um cenário com Moro e Bolsonaro no segundo turno, o ex-ministro teria 36% e o presidente, 29%..

Por Carta Capital

Um comentário:

  1. Bolsonaro sabe que suas chances de reeleição são mínimas. E para superar essa má fase por que passa, o inquilino do Planalto tenta agora restaurar a sua imagem valendo-se do mesmo discurso e estratégias que usou durante a campanha de 2018, posando de salvador da pátria e apresentando-se como defensor da família e dos bons costumes, mas esse discurso de salvador da pátria, hoje, não funciona mais, não tem mais efeito sobre o eleitor brasileiro, em sua absoluta maioria.

    Em 2018, o eleitor não conhecia Bolsonaro, que enquanto candidato era bem avaliado. Hoje, o eleitor o conhece muito bem, talvez por essa razão tenha aumentado a rejeição ao seu nome para presidente em 2022.

    Depois dos vacilos que deu, para falar o mínimo, dificilmente terá apoio suficiente para governar o país por mais quatro anos.

    A cada dia que passa, é cada vez maior a rejeição do povo ao mandatário da nação. É o que mostram todas as recentes pesquisas de intenção de votos para 2022.

    E o culpado por essa crescente rejeição ao presidente da República não é outro, senão ele mesmo.

    Sua atuação na presidência da República foi até aqui uma demonstração gratuita de inabilidade profunda.

    Mas podia ter sido diferente, pois desde o início do seu mandato Bolsonaro teve tudo para realizar um bom governo.

    Tinha o apoio do mercado e de grande parte da mídia; tinha maioria na Câmara e no Senado; apoio de artistas, personalidades do mundo da música, da televisão e do esporte e celebridades das redes sociais; apoio da maioria das igrejas especialmente as neopentecostais, das FFAA, e a admiração de cerca de 60% da população.

    Com todo esse suporte, o mandatário da nação poderia ter realizado até aqui - no mínimo -, um governo razoável.

    Mas ao invés de vestir a camisa de presidente e governar para todos os brasileiros, Bolsonaro permaneceu – desde o início -, travestido de candidato como se em campanha ainda estivesse, e governou até aqui tão somente para sua claque que diariamente se espreme nos “cercadinhos” da vida todas as manhãs para saudar seu “mito”.

    Para muitos que apoiaram e financiaram sua ascensão ao poder, Bolsonaro foi uma grande decepção. Percebem agora que o tal “mito” é na verdade um político despreparado, fraco e por demais inseguro.

    O mercado e a grande mídia já viram que Bolsonaro não tem condição de continuar governando o país. Em editoriais recentes e incisivos, os maiores jornais do país – O Globo, o Estado de S. Paulo e a Folha de S. Paulo -, fazem duras críticas a Bolsonaro, e dão o tom do que sucederá ao país se o mesmo se perpetuar no poder.

    O principal pilar de apoio e sustentação de um governo é a ECONOMIA. Quando empresários e banqueiros começam a reagir em face de um cenário político adverso à economia, é o começo do fim do governo de plantão !!

    Bolsonaro sabe que se não conseguir reverter o atual panorama econômico de incertezas que dificulta a retomada do crescimento, bem como o cenário político conturbado e sombrio em que se acha mergulhado o país, dificilmente logrará algum êxito no pleito eleitoral que se avizinha. Será derrotado nas urnas em 2022, seja qual for o seu adversário.

    E certamente será lembrado como o presidente que podia ter sido, mas não foi; podia ter feito, mas não fez.

    E não se pense que se diz isso aqui com alegria.

    É lamentável. Profundamente lamentável e triste para o país.

    Mas Presidentes passam.

    Fica o povo e a nação.

    Com suas dores e alegrias e sua laboriosa luta cotidiana.

    Outros presidentes virão.

    Que o país volte a crescer, e o povo volte a sorrir.

    É o que se deseja neste momento difícil pelo qual passa a nação.

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