quarta-feira, janeiro 12, 2022

Postagem de Malafaia chamando vacinação infantil de ‘infanticídio’ é removida



Uma série de postagens do pastor Silas Malafaia no Twitter com conteúdo negacionista sobre as vacinas contra a Covid-19 foi removida na noite de segunda-feira. Em uma das 11 publicações, ele ​​chamou de "infanticídio" a vacinação infantil contra a doença. Além da remoção dos tuítes, a conta do pastor teve as atividades suspensas por 12 horas. Mais tarde, Facebook e Instagram também tiraram do ar sua principal publicação sobre o tema por violação da política das redes.

“Vacinar crianças é um verdadeiro infanticídio. Os números provam que não há necessidade de fazer isso”, publicou, sem apresentar provas, o líder evangélico.



A mesma publicação foi feita pelo pastor no Instagram, Facebook e YouTube. Nas duas primeiras, que pertencem ao grupo Meta, o post que classifica a vacinação de crianças como "infanticídio" também foi removida, enquanto no YouTube, o vídeo segue no ar. Após a medida do Twitter, pelo Instagram, Malafaia fez uma nova publicação afirmando que a rede social "é uma vergonha!".

O Twitter informou que constatou que "o conteúdo da mídia compartilhada e replicada em alguns tweets violou nossa política de informações enganosas sobre a Covid-19, por isso foi solicitada a remoção de mais de um tweet".

A política interna da rede social determina que, quando uma publicação contraria as regras, o Twitter pode exigir que o usuário remova as postagens para poder voltar a publicar. Há a possibilidade de recorrer contra a decisão.

Malafaia é um aliado próximo do presidente Jair Bolsonaro (PL), que também apresenta alegações infundadas sobre a vacinação infantil. Dados oficiais mostram que até o fim do ano passado 301 crianças entre 5 e 11 anos morreram de Covid-19 no Brasil.

A vacinação de crianças já está aprovada no Brasil pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) desde dezembro do ano passado. A responsável pela Secretaria Extraordinária de Enfrentamento à Covid-19 (Secovid) do Ministério da Saúde, Rosana Leite de Melo, afirmou que a versão infantil da vacina não teve "nenhuma preocupação séria de segurança" identificada nos testes clínicos e que a análise da Anvisa foi feita de "forma rigorosa e com toda a cautela necessária".


Após o presidente Jair Bolsonaro (PL) atacar a decisão do órgão, o Ministério da Saúde relutou em seguir a recomendação da agência. Porém, na semana passada, a pasta recuou e incluiu o público infantil entre 5 e 11 anos no plano nacional de vacinação contra a Covid-19.

A publicação negacionista de Malafaia gerou uma onda de críticas entre os internautas, que lançaram #DerrubaMalafaia, pedindo a remoção do post e a suspensão da conta do pastor na rede social. A hashtag tinha mais de 27 mil tuítes na manhã desta terça-feira.

Na semana passada, a rede social foi criticada por usuários, que pediram ação mais rígida contra a desinformação, principalmente em relação à pandemia.

— Eles mandam você remover os tweets e mandam você se defender. O que é o processo legal? Você é acusado, você se defende, alguém julga quem está com a razão. Eles fazem o contrário. Tem pressão? Tira a sua conta. E aí manda você se defender. Por que vou me defender, se já suspenderam a minha conta e mandaram eu tirar os tweets? — disse o pastor, que complementou: — Falam em democracia, falam em liberdade de expressão, mas só vale a deles. Eu tenho que rir. Eu fico rindo. Nós estamos vivendo (um período) pior que a ditadura. Porque na ditadura era ditadura mesmo. Todo mundo já sabia. Agora nós temos uma moderna ditadura. Alguém não gosta do que você fala, ou dos seus posicionamentos ideológicos, e vem fazer pressão.

O Globo

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