sexta-feira, setembro 01, 2017

1º de setembro: Dia de Oração pelo Cuidado da Criação

Francisco e Bartolomeu escreveram mensagem conjunta

O Papa e o Patriarca ecumênico de Constantinopla escreveram juntos a mensagem sobre o meio ambiente que o Vaticano publicará nesta sexta-feira, 1º de setembro, Dia para o cuidado da Criação, e que contém, entre outras coisas, “um chamado a todos os que ocupam papéis influentes, para que escutem o grito da terra e o grito dos pobres, que mais sofrem os desequilíbrios ambientais”.

A reportagem é de Iacopo Scaramuzzi, publicada por Vatican Insider, 30-08-2017. A tradução é do Cepat.

O Papa Francisco fez o anúncio pessoalmente, ao final da Audiência Geral, na Praça São Pedro. Durante sua catequese, o Pontífice recordou que Jesus era um “incendiário” que fazia arder os corações dos “jovens inquietos”, que eram seus primeiros discípulos. Também insistiu que uma “dinâmica fundamental” da esperança cristã é recordar o “fogo do amor” com o qual, graças ao encontro com Jesus, “um dia concebemos nossa vida como um projeto de bem” e voltamos a acender esse fogo, ainda que tenha se convertido em “brasas sob a cinza”.
“Depois de amanhã, 1º de setembro, será o Dia de Oração pelo Cuidado da Criação”, recordou o Papa, ao final da Audiência Geral, que hoje, 30 de agosto, voltou a ocorrer na Praça São Pedro, após ter sido realizada na Sala Paulo VI. “Nesta ocasião, eu e o querido irmão Bartolomeu, Patriarca Ecumênico de Constantinopla, preparamos juntos uma Mensagem. Nela convidamos a todos a assumir uma atitude respeitosa e responsável para com a Criação. Além disso, fazemos um chamado a todos os que ocupam papéis influentes, “para que escutem o grito da terra e o grito dos pobres, que mais sofrem pelos desequilíbrios ambientais”.

No dia 1º de setembro de dois anos atrás, o Papa da encíclica Laudato Si’ anunciou, com uma carta aos cardeais que dirigem os dicastérios vaticanos responsáveis pela Promoção Humana Integral e da Promoção da Unidade dos Cristãos, Peter Turkson e Kurt Koch, que havia decidido “instituir também na Igreja Católica o Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação, que, a partir deste ano, será celebrada no dia 1º de setembro, como já acontece há tempo na Igreja ortodoxa”: “Como cristãos, queremos oferecer nossa contribuição para a superação da crise ecológica que a humanidade está vivendo”, escreveu.

A crise ecológica “nos convida a uma profunda conversão espiritual”. O Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação oferecerá a cada um dos crentes “e às comunidades a preciosa oportunidade para renovar a adesão pessoal à própria vocação de guardião da Criação, elevando a Deus o agradecimento pela obra maravilhosa que Ele encomendou ao nosso cuidado, invocando sua ajuda para a proteção da Criação e sua misericórdia pelos pecados cometidos contra o mundo no qual vivemos” e sua celebração, na mesma data da Igreja ortodoxa, “será uma ocasião profícua para oferecer testemunho de nossa crescente comunhão com os irmãos ortodoxos”. “Vivemos em um tempo no qual todos nós, cristãos, enfrentamos idênticos e importantes desafios, aos quais, para resultados mais credíveis e eficazes, devemos dar respostas comuns”.

Precisamente ontem, Bartolomeu divulgou uma mensagem em relação ao furacão Harvey, que está atingindo várias regiões do Texas, na qual destacou que “somos chamados tanto a participar na redenção e na gestão responsável de nosso mundo, como a trabalhar em um melhor planejamento ambiental para prevenir a força destruidora de tais furacões, comprometendo-nos seriamente no grave problema da mudança climática e em como incide em nosso planeta, e inclusive nos envolvendo pessoalmente nas atividades caritativas que oferecem consolo e apoio àqueles cujas vidas mudaram tão dramaticamente em um abrir e fechar de olhos”.

Durante a catequese, o Papa prosseguiu com seu ciclo dedicado à esperança cristã. Hoje, refletiu sobre como a esperança é alimentada pela recordação do primeiro encontro com Jesus. Na memória dos primeiros discípulos de Jesus, a recordação de seu primeiro encontro com o Mestre “permaneceu tão impressa”, que “alguém registrou inclusive a hora”, como se lê no Evangelho de João. “Jesus aparece nos Evangelhos como um especialista do coração humano. Nesse momento havia encontrado a dois jovens que estavam em busca, sadiamente inquietos. Efetivamente, qual juventude é uma juventude satisfeita”, que não se interroga sobre um sentido? “Os jovens que não buscam nada não são jovens, estão aposentados, envelheceram antes do tempo. É triste ver jovens aposentados. E Jesus, mediante todo o Evangelho, em todos os encontros que ocorrem ao longo do caminho, se mostra como um ‘incendiário’ dos corações”.

A partir daí, o Papa fez uma pergunta sobre o presente: “Como se descobre a própria vocação neste mundo? É possível descobri-la de muitas maneiras, mas esta página do Evangelho nos diz que o primeiro indicador é a alegria do encontro com Jesus. Matrimônio, vida consagrada, sacerdócio: cada vocação verdadeira começa com um encontro com Jesus que nos dá uma alegria e uma esperança novas, e nos conduz, inclusive através de provas e dificuldades, a um encontro cada vez mais pleno, cresce o encontro com Ele, e a plenitude da alegria. O Senhor não quer homens e mulheres que caminham atrás dele com má vontade, sem ter no coração o vento da alegria. Pergunto a vocês que estão aqui na praça: possuem o vento da alegria no coração? Tenho dentro de mim, no coração, o vento da alegria?”.

Claro, disse o Papa, “há provas na vida, há momentos nos quais é necessário seguir adiante apesar do frio e dos ventos contrários, apesar de tanta amargura. Mas, os cristãos conhecem o caminho que conduz a esse sagrado fogo que os incendiou de uma vez para sempre. Por favor, não se deve dar bola às pessoas desiludidas e infelizes, não escutemos os que aconselham cinicamente a não cultivar esperanças na vida, não confiemos nos que apagam ao nascer qualquer entusiasmo, dizendo que nada vale o sacrifício de toda uma vida, não escutemos os “velhos” de coração que sufocam a euforia juvenil. Direcionemo-nos aos velhos que têm os olhos brilhantes de esperança. Cultivemos, ao contrário, sadias utopias. Deus nos quer capazes de sonhar como Ele e com Ele, enquanto caminhamos bem atentos à realidade. Sonhar um mundo diferente. E, se um sonho se apaga, voltar a sonhá-lo novamente, vendo com esperança a memória das origens. A essas brasas que talvez, após uma vida não tão boa, estão ocultas sob a cinza, o encontro com Jesus. Eis, aqui, uma dinâmica fundamental da vida cristã: recordar-se de Jesus, do fogo de amor com o qual um dia concebemos nossa vida como um projeto de bem, e reavivar esta chama com esta nossa esperança”.

O Papa, que ao chegar à Praça São Pedro convidou seis crianças para que o acompanhassem no papamóvel, enquanto fazia seu costumeiro trajeto entre os fiéis, saudou, entre outros, a dois jogadores da equipe brasileira Chapecoense que sobreviveram ao acidente aéreo na Colômbia, em novembro do ano passado. Na próxima quarta-feira, não haverá Audiência geral porque o Papa estará na Colômbia de 6 a 11 de setembro.

IHU Online/Adital

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