quinta-feira, setembro 03, 2015

Revista promete ampliar a visão sobre o universo feminino

Publicação digital AzMina pretende promover um discurso diferente das revistas femininas que circulam atualmente
Algumas das campanhas promovidas por AzMina. O conteúdo da revista passará longe dos manuais do tipo ‘35 dicas para enlouquecer seu homem na cama’ e ‘como emagrecer 4kg em um mês’ (Imagens: Site AzMina)

Com o slogan “para mulheres de A a Z”, entra no ar a primeira edição da revista AzMina. Para além das mulheres, a publicação nasce com a promessa de falar principalmente para pessoas que têm identidade de gênero feminina, incluindo também o público LGBT, característica que a diferencia da maioria das revistas femininas que circulam no país. Outros diferenciais apontados pela equipe que concebeu o trabalho é o tipo de recursos que o mantêm e a linha editorial que o rege.

O veículo se define como a primeira revista feminina sem fins lucrativos do país. A verba para custear o trabalho foi obtida a partir de uma campanha que arrecadou 50 mil reais através de crowdfunding, uma forma de angariar capital para iniciativas de interesse coletivo através da agregação de múltiplas fontes de financiamento, em geral pessoas físicas interessadas na iniciativa. O termo é muitas vezes usado para descrever especificamente ações na Internet com o objetivo de arrecadar dinheiro para artistas, jornalismo cidadão, pequenos negócios e start-ups, campanhas políticas, iniciativas de software livre, filantropia e ajuda a regiões atingidas por desastres, entre outros.

A diretora executiva do projeto, a jornalista Nana Queiroz, que encabeçou a campanha #nãomereçoserestuprada e recentemente lançou o livro “Presos que menstruam. A brutal vida das mulheres – tratadas como homens – nas prisões brasileiras” (Rio de Janeiro: Record, 2015), afirma que o objetivo é garantir a liberdade editorial. “A ideia é apostar em um modelo de captação misto, em que crowdfundings contínuos, editais, fundos de Organizações Não Governamentais de estímulo ao empoderamento feminino e anúncios ‘amigos da mulher’ dividam a conta. AzMina terá também uma loja virtual com camisetas, porta-cervejas e outros itens. Essa é a nossa maneira de equilibrar novamente o poder dentro do jornalismo, diversificando as fontes de receita”, explica.

Nesse contexto, a linha editorial da revista pretende ser aberta a diversas formas de viver o gênero feminino, tratando de variados assuntos, como moda, política e sexualidade, com uma visão que busca promover o empoderamento feminino e questionar a cultura machista de enquadramento das mulheres, além de incluir nesses debates as lésbicas e transgêneros. “As revistas tradicionais fazem com que as leitoras se sintam feias, inadequadas e presas no corpo errado. Nas páginas de AzMina, haverá espaço para todas as etnias e tipos físicos – sem Photoshop, a exemplo do primeiro ensaio de moda, em que mulheres ‘reais’ vestem versões modernas e acessíveis dos looks de grandes mulheres da História. O conteúdo da revista também passará longe dos manuais do tipo ‘35 dicas para enlouquecer seu homem na cama’ e ‘como emagrecer 4kg em um mês’. A ideia não é dizer às mulheres o que fazer, mas sim dar ferramentas para que elas se empoderem e se transformem na melhor versão de si mesmas”, ressalta Nana Queiroz.

Cada edição será publicada ao longo de um mês. O primeiro número já começou a ser disponibilizado nesse mês de setembro no site da revista e em sua página no Facebook. Inaugura AzMina uma reportagem sobre as fábricas de confecções de roupas na China, onde trabalham famílias inteiras, incluindo as crianças, em condições insalubres e jornadas exaustivas para garantir o abastecimento, a preços baixíssimos, dos mercados têxteis do Brasil e de outras partes do mundo.

Leslie Chaves/IHU Online

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