sábado, março 14, 2015

5 lições de liderança que podemos aprender com o Papa Francisco


O Papa Francisco, que completa o seu segundo ano como líder da Igreja Católica nesta semana, vem recebendo todo o tipo de avaliações favoráveis que qualquer líder invejaria. Numa pesquisa divulgada pelo instituto Pew na semana passada, 9 de cada 10 católicos nos EUA davam-lhe notas altas – quase a par com as maiores avaliações recebidas pelo Papa João Paulo II, líder que fora muito querido no país. Ao redor do mundo, 60% dos respondentes católicos e não católicos também disseram que veem favoravelmente Francisco.

A reportagem é de Noah Rayman, publicada pela revista Time, 10-03-2015. A tradução é de Isaque Gomes Correa.

E suas realizações se estenderam para além da popularidade. À medida que o reinado de Francisco se aproxima de completar dois anos, ele já pode olhar para trás em suas significativas reformas econômicas no Vaticano, para o relatório publicado que condenou o capitalismo desenfreado e para a envolvente discussão sobre o divórcio e a homossexualidade em toda a Igreja que ele fomentou (sem mencionar o fato de ser escolhido a Personalidade do Ano de 2013 da revista TIME.).

Então, como um cardeal jesuíta relativamente obscuro da América Latina se tornou um líder tão bem-sucedido? Aqui apresentamos cinco lições que este mandato inicial do Papa Francisco oferece. Elas foram tiradas do livro The Francis Miracle: Inside the Transformation of the Pope and the Church (sem Tradução para o português), escrito por John L. Allen, Jr.

1. Dê exemplo

O papa reformador imediatamente centrou o seu olhar sobre as finanças do Vaticano, buscando limpar uma fonte regular de escândalos. Para o papa – que escolheu o seu nome inspirado no santo que devotou sua vida à pobreza –, a reforma financeira foi uma prioridade porque trazia “junto os três vícios que o fazem sofrer mais do que qualquer outra coisa: a corrupção, o privilégio clerical exagerado e a indiferença para com os pobres”, escreve Allen.

Mas ele também sabia que garantir um alto padrão no controle dos livros de finanças daria um exemplo de boa governança para toda a Igreja e abriria o caminho no sentido para perseguir uma pauta mais ampla. “Hoje, talvez o mais audacioso de todos os planos do Papa Francisco seja fazer do Vaticano um modelo mundial para melhores práticas de administração financeira – não só como um fim em si, mas como uma forma de liderar a Igreja em todos os níveis”.

2. Não contrate apenas os seus amigos

O cardeal australiano George Pell não era um provável candidato para liderar as reformas financeiras de Francisco. Conservador convicto, Pell ficou particularmente decepcionado com a eleição deste papa, preocupado que ele conduziria o Vaticano para um caminho demais progressista. De tamanho, Pell poderia ser um jogador de futebol americano; quanto à personalidade, ele também difere do pontífice de fala mansa.

Mas Francisco ouviu a retórica do cardeal contra a situação das finanças da Igreja e soube que tal estilo contundente seria eficaz na busca pela reforma numa instituição tradicional. Em uma reunião em março de 2014, durante a qual os dois falaram italiano como língua franca, Francisco pediu a Pell para se tornar o seu czar financeiro.

3. Leve a sério os conselhos

Desde o começo, Francisco tem demonstrado uma disposição para a escuta daqueles que o cercam. Como sua primeira mudança substancial, por exemplo, ele criou um Conselho de Cardeais composto por oito membros de todo o mundo os quais defendem opiniões ideologicamente diversas. Desde então, o grupo vem assessorando-o em cada uma de suas ações importantes, e Allen chama isto de “a força mais importante de tomada de decisão no Vaticano”.

Ao mesmo tempo, o Papa Francisco deu uma significação renovada ao Sínodo dos Bispos, grupo consultivo que o Papa João Paulo II não fazia muita feita. Francisco, pelo contrário, participou de um encontro quase que o tempo todo para juntar-se à discussão (Allen comparou esta ocasião com um presidente americano ouvindo uma sessão na Câmara dos Deputados), e deu destaque à assembleia ordinária do Sínodo, convocado por ele para debater questões de família como o divórcio e o casamento.

4. Mas também esteja disposto a ignorar conselhos

O papa também tem estado disposto a agir unilateralmente para garantir que a sua agenda vá adiante, como quando nomeou Dom Nunzio Galantino para ser o secretário geral da poderosa Conferência Episcopal da Itália, em dezembro de 2013. Galantino tinha uma reputação de modéstia que refletia a personalidade do Papa Francisco, deixando de lado, por exemplo, títulos formais e rejeitando ter um secretário ou chofer. Não era, porém, muito querido entre o clero italiano. Quando Francisco pediu por possíveis nomes para preencher o cargo de secretário geral, quase 500 padres italianos submeteram as suas recomendações e Galantino recebeu apenas um único aceno. Mesmo assim, Francisco o escolheu.

5. Seja acessível

Como chefe de Roma, o Papa Francisco tem muitos problemas domésticos a lidar. Mas ele também é o líder dos aproximadamente 1.1 bilhão de católicos e tem feito um esforço impressionante para se conectar com os seus seguidores. Não há exemplo melhor deste esforço do que os telefonemas que ele, inesperadamente, faz a pessoas ao redor do mundo. Há o telefonema a Michele Ferri, jovem irmão de um frentista assassinado num roubo a mão armada; o telefonema a um crítico do Vaticano que estava doente no hospital; o telefonema a uma italiana que havia suplicado ao papa numa carta para ajudá-la a resolver o mistério do assassinato de sua filha; e muitos outros que não foram relatados na imprensa. Num dos casos que foi relatado, o papa ligou (ele faz as chamadas, não um assessor) para um convento de freiras carmelitas enclausuradas na Espanha para desejar um feliz Ano Novo. Quando elas não atenderam o telefone, ele deixou uma mensagem, jocosamente perguntando: “O que as irmãs estão fazendo que não podem atender?” (Estavam rezando, segundo reportagem de um jornal local). Mais tarde, ele ligou de volta e, dessa vez, as freiras estavam reunidas em torno do telefone para falar com Francisco em viva-voz.

Fonte: IHU Online

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