terça-feira, setembro 06, 2016

"Do concreto ao sensorial": Inauguração do Projeto de Acessibilidade do Memorial da Justiça de Pernambuco acontece nesta terça



Acessibilidade, mobilidade, inclusão são conceitos cada vez mais pensados, discutidos e reivindicados pela sociedade brasileira que, pouco a pouco, vai conquistando espaços até pouco tempo atrás jamais imaginados, como é o caso do Memorial da Justiça de Pernambuco, que inaugura logo mais, às 17h, o projeto Do concreto ao sensorial (aprovado no edital Funcultura 2014/2015), o que o fará o primeiro museu do estado com maquetes táteis e profissionais qualificados para o atendimento ao público portador de deficiências visuais.

Com esta iniciativa concebida pela equipe do Memorial e cuja produção executiva é da Tangram Cultural, o prédio que abriga o museu poderá ser “visto” pelos que não veem através de três modelos táteis - exterior do prédio e plantas baixas dos dois pavimentos - especialmente construídas para eles, tornando o patrimônio cultural e arquitetônico do MJP acessível a pessoas com pouca ou nenhuma visão. O projeto engloba ainda - além das maquetes - a produção de material para sua exposição e acondicionamento, textos em Braile para acompanhá-las, ações de capacitação para os gestores, educadores e mediadores da instituição e visitas mediadas destinadas ao público com deficiência visual.

Hoje em dia, percebe-se que a maioria das edificações culturais se preocupa bastante com a estrutura física para o acesso de cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida. Os deficientes visuais, que representam mais da metade do contingente de deficientes do país (45 milhões de pessoas no total, segundo dados do último Censo do IBGE de 2010) ainda sofrem bastante com a falta de recursos inclusivos como parte de uma ação permanente. Uma visita a um prédio histórico por meio de uma maquete tátil faz muita diferença para uma pessoa cega que deseja conhecer com mais efetividade e compreender o patrimônio cultural arquitetônico de sua cidade.

As maquetes táteis

Para a execução das maquetes táteis foram necessários dois meses de trabalho intenso e integrado das várias equipes envolvidas: do escritório Eduardo Sobral Arquitetura em Maquetes, da arquiteta coordenadora Lydia Dutra, e da consultoria em acessibilidade, a cargo de Manoel Aguiar, da Proacessi, além da produção

Uma maquete é chamada tátil quando está num formato que permite ser percebida pelo toque; nesse caso, é construída utilizando-se uma linguagem gráfica com signos em relevo e é essencial que sua avaliação seja realizada por usuários com deficiência visual (baixa visão ou cegos).

Para Manoel Aguiar, o projeto Do concreto ao sensorial será um marco inicial e uma referência pedagógica a ser replicada por outras instituições culturais que tenham o mesmo objetivo estratégico do Memorial da Justiça, que é tornar o ambiente acessível a todos sem exceções. “Fazer parte desta equipe está sendo uma experiência marcante, pois o compromisso que o MJ assumiu e cumpre para com as pessoas cegas e de baixa visão com este projeto é enorme. A este público está sendo valorizado de acordo com suas singularidades, possibilitando que todos tenham as mesmas experiências em pé de igualdade”.

Germana Pereira, da Tangram Cultural, avalia o resultado de tantos meses de trabalho como muito gratificante. "É uma satisfação saber que estamos dando o primeiro passo, tornando o patrimônio cultural arquitetônico do Memorial da Justiça acessível a pessoas cegas. Mas ainda há muito o que aprender e fazer quando o assunto é acessibilidade e inclusão. Esperamos que este projeto suscite a discussão nas instituições culturais do Estado sobre a necessidade de receber todos os públicos em pé de igualdade", declara a produtora cultural e coordenadora geral do projeto.

A Estação do Brum

Este pequeno e bonito edifício construído entre 1879/1881 fica no Bairro do Recife, defronte ao Forte do Brum, e funcionou durante muitas décadas como a Estação Ferroviária do Brum, da linha férrea que ligava o Recife a Limoeiro e Timbaúba. Ele hoje guarda uma vasta documentação histórica do Poder Judiciário desde os tempos da escravatura e uma exposição permanente, Uma Questão de Justiça, que trata de temas como capoeira, cangaço e escravidão, relacionando-os como conteúdo da sua documentação histórica e com a Justiça nos dias atuais. Conta, ainda, com um arquivo de documentação histórica e uma biblioteca.

Ver mais fotos>"Do Concreto ao Sensorial"

Mais informações
Local: Memorial da Justiça de Pernambuco, Av. Alfredo Lisboa, s/n - Brum.
Horário: 17h
Visitação:
Exposição permanente
Segunda a sexta, das 13h às 18h
https://www.facebook.com/doconcretoaosensorial/

VERBO Assessoria de Comunicação

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