quinta-feira, julho 21, 2016

Suspeito de terrorismo de Curitiba era atendente de telemarketing e se apresentava com nome em árabe


Com 21 anos, Levi Ribeiro Fernandes de Jesus acordou na manhã desta quinta-feira com a polícia em sua casa, na região metropolitana de Curitiba. Por questão de segurança, a Justiça Federal não divulgou o endereço do jovem, que foi levado para a Superintendência da PF em Curitiba e aguarda ser transferido para Brasília.

Ele é um dos primeiros investigados por suspeita de integrar organização terrorista - o que levou a Divisão Antiterrorismo da Polícia Federal (DAT) a escolher a Justiça em Curitiba para tramitar o processo que investiga a real disposição dos jovens de realizar atos terroristas durante os jogos de 2016.

Nas conversas com outros integrantes do grupo, Levi se apresentava como Muhammad Ali Huraia. Era um dos mais atuantes no grupo de Facebook que exaltava ações terroristas realizadas ao redor do mundo e lembrava a proximidade das Olimpíadas no Brasil para atacar delegações de países da coalizão que combate o terror no Oriente Médio.


Levi está cadastrado em um site de empregos como "teleoperador receptivo", profissional responsável por receber ligações de clientes ou empresas em serviços de telemarketing. Segundo ele registrou em seu perfil, ocupou a função entre dezembro de 2014 e fevereiro de 2015 em contrato temporário assinado por ele em São Paulo. Ele não tem antecedentes criminais.

Em entrevista coletiva pela manhã, o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, atribuiu a Levi o exercício de liderança entre os colegas. A informação foi contestada pelo juiz responsável pela investigação, Marcos Josegrei da Silva, que disse ainda ser cedo para se ter "o contorno completo do envolvimento de cada um".

— Tem alguns que são mais ativos. Mas é difícil falar em liderança quando não há entre eles uma organização próxima. Os contatos são por meio virtual. Tem pessoas mais ativas, que se percebe que tem conhecimento maior da dinâmica desse tipo de organização e se manifesta com mais intensidade - afirmou.

O juiz afirmou ser necessário adotar "alguma atitude" em função dos elementos levados a ele pela polícia e pelo MP. Mas disse que "ainda não está definido que há uma célula terrorista brasileira em atividade". Para ele, só a investigação poderá fazer a polícia saber se Levi e os colegas estavam realmente dispostos a atacar nas Olimpíadas.

— Nem tudo o que uma pessoa preconiza no mundo virtual vai ser realizado no mundo real - disse o magistrado.

O Globo


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