quarta-feira, setembro 16, 2015

Petrolândia: Prestes a fechar o campus no município, Cesvasf analisa viabilidade de renovar autorização e receber ex-alunos da Funeso/Faexpe/Paranapanema

Ana Gleide, Carlos Francisco e Paulo Wilton (Fotos: Lúcia Xavier)

Na noite dessa terça-feira (15), foi realizada em Petrolândia, no auditório do Centro Cultural, reunião entre representantes do Cesvasf (Centro de Ensino Superior do Vale do São Francisco/Autarquia Belemita de Cultura, Desportos e Educação) e ex-alunos de cursos de extensão oferecidos pela Funeso/Faexpe/Parapanema no município. Os cursos foram encerrados após denúncia de tratarem-se de serem divulgados como cursos de nível superior, em ação cível do Ministério Público Federal (MPF), Regional Serra Talhada. 

De 2009 ao início de 2015, quando graduou sua última turma no município, o Cesvasf, manteve em Petrolândia os cursos de licenciatura plena em Letras e Matemática. Apesar de todas as adversidades provenientes da falta de apoio e incentivo, a instituição concluiu sua estada em Petrolândia com a formação de 200 professores, tendo contribuído para elevar o Ideb (Indíce de desenvolvimento do ensino básico) do município, onde encontrou menos de 20 professores licenciados em salas de aula. Findos os quatro anos da autorização para oferecer seus cursos em Petrolândia, quando a instituição já se preparava para encerrar sua passagem pelo município em que se instalou após 2 anos de procedimentos para legalização do campus, junto ao Conselho de Educação de Pernambuco e ao MEC, eis que a única entidade de ensino superior credenciada no município pode ser instada a refazer seus planos. As informações foram passadas pela presidente da autarquia, Ana Gleide Leal.

Com esta introdução, feita para ressaltar o procedimento difenciado do Cesvasf ao ser instalada no município, Ana Gleide, acompanhada na reunião por Carlos Francisco, procurador da instituição, e Valmir Pires, diretor do Cesvasf, apresentou ao público presente a instituição que poderá vir a oferecer a oportunidade de graduação aos ex-alunos da Funeso/Faexpe/Parapanema, para quem o sonho do diploma universitário virou pesadelo, com a ação cível do MPF, no mês de julho, determinar o encerramento dos cursos de extensão universitária contratados com intermediação da Faexpe.

Ana Gleide, também professora do Cesvasf, iniciou o repasse das informações que deveriam ser acompanhadas pela maioria, senão por todos, os interessados, tendo em vista as dúvidas poderem ser dirimidas na reunião e evitar possíveis desencontros na transmissão do que foi apresentado pela instituição. A professora estranhou o pequeno número de pessoas presentes. Na reunião, da qual Lúcia Xavier, ex-aluna Cesvasf e Funeso/Faexpe, participou como aluna e na reportagem para o Blog de Assis Ramalho, as poucas - diante do contingente envolvido - pessoas presentes no auditório do Centro Cultural foram informadas que o Cesvasf foi procurado pelo prefeito de Petrolândia, Lourival Simões, e houve reunião entre a prefeitura, a autarquia e os representantes das turmas dos cursos da Funeso/Faexpe/Paranapanema. Lúcia Xavier declarou - após facultada a palavra aos presentes - desconhecer a realização da reunião em que foram tratados assuntos de seu interesse e, inclusive, a convocação para a reunião com a Cesvasf não foi feita com a esperada antecedência, assim sendo, muitos outros alunos poderiam, também, não saber da realização do encontro.

O Cesvasf, como se disse, preparava-se para fechar definitivamente seu campus em Petrolândia e levar o material para a sede em Belém de São Francisco. Porém, após o pedido do prefeito Lourival Simões para que a instituição analise a situação dos alunos e, se houver viabilidade, apresente uma possível solução para o caso dos alunos. Com esse intuito, os três representantes da Autarquia Belemita receberam, na tarde de hoje, nas instalações da Biblioteca Municipal Barão de Mauá, alguns alunos que foram orientados a levar sua documentação comprobatória para análise e comparação das cargas horárias e matrizes curriculares. Poucos alunos apresentaram a documentação, a maioria de Administração. Segundo Ana Gleide, se a decisão fosse tomada naquele momento, ela diria não haver viabilidade de implantação de cursos superiores em outras áreas além de Administração. O número mínimo de alunos para justificar o investimento entre 30 e 40 mil reais para estruturar o campus na cidade é de 25 pessoas por turma.

Veja abaixo os detalhes repassados durante a reunião.



Formação acadêmica: A proposta do Cesvasf é renovar a autorização para oferecer o curso de nível superior, com formação acadêmica, na modalidade presencial. O processo, segundo Ana Gleide, talvez termine apenas em janeiro/2016, e deve ser iniciado imediatamente para garantir a instalação dos cursos absolutamente dentro da legalidade. O Cesvaf poderá, se houver interesse dos ex-alunos das faculdades denunciadas pelo MPF, oferecer em Petrolândia as licenciaturas de Pedagogia, Letras, Ciências Biológicas e Matemática, ofertados na sede, em Belém do São Francisco.

Migração com aproveitamento de disciplinas equivalentes: A maior concessão do Cesvasf foi no aproveitamento de créditos por disciplinas equivalentes já cursadas. Os alunos transferidos serão dispensados de estudar novamente as disciplinas equivalentes entre as matrizes curriculares. Daí a necessidade de confrontar as matrizes.

Antecipação do término do curso: O aproveitamento de créditos permitirá aos alunos concluirem o curso mais rápido, disse Ana Gleide. Ela também esclareceu que disciplinas de períodos seguintes poderão ser incluídas na matriz do primeiro período dessas turmas em situação especial, com redução do tempo para a formatura.

Aulas presenciais: Para obter o diploma é necessário o cumprimento da carga horária de 2.800 a 3.000 horas-aula, a depender do curso, por isso,  20 horas de aulas por semana. A única concessão possível quanto ao número de horas semanais é a possibilidade de instalar os cursos prevendo a realização de 20% da carga horária (4 horas por semana) em atividades no Portal do Aluno.

Mensalidades e ProUni: As mensalidades atuais das licenciaturas no Cesvasf têm o valor de R$ 280,00. De acordo com Ana Gleide, todos os alunos em Petrolândia foram beneficiados pelo ProUni, programa federal que cobre de 25 a 100% do valor das mensalidades. A autarquia também é credenciada no Proupe, programa estadual de concessão de bolsas de estudos. A não citação do programa deve-se, provavelmente, ao atraso do governo do Estado no repasse dos recursos, motivo de críticas e reclamações das 13 autarquias de ensino superior de Pernambuco. O acesso ao ProUni exige resultado do Enem.

Atividades complementares e estágio supervisionado: Além das aulas presenciais, a formação acadêmica exige estágio supervisionado obrigatório e a comprovação do cumprimento de horas-aula em atividades complementares, de aperfeiçoamento na área do curso, como palestras, atividades culturais, seminários etc.

Bacharelado em Administração: Atualmente, o Cesvasf ainda não oferece Bacharelado em Administração. De acordo com a professora Ana Gleide, dois novos cursos serão oferecidos em Belém do São Francisco: Administração e Farmácia. A oferta do Bacharelado em Administração será discutida nesta quarta-feira (16), em reunião das autarquias de educação, a ser realizada em Recife, oportunidade em que poderá, ou não, surgir uma parceria que viabilize o curso de Administração em Petrolândia. Porém, a professora deixou claro que a mensalidade da graduação em Administração tem valor superior às licenciaturas. Segunda ela, em rápida pesquisa de valores, foram encontradas mensalidades de R$ 350 a mais de R$ 500. Devido à inexistência do curso no Cesvasf, não é possível ainda analisar a matriz curricular e avaliar a equivalência de créditos.

Processo seletivo do Cesvasf: Após a manifestação de interesse dos ex-alunos, que devem apressar-se para entregar a documentação, a fim de que seja apurado se é viável reabrir o campus, deverá ser realizado em Petrolândia um processo seletivo para ingresso no Cesvasf. Se não houver número suficiente de inscritos para formar as turmas, o processo seletivo poderá ser cancelado e o Cesvasf, desobrigado de renovar sua autorização para funcionar em Petrolândia. Uma das sugestões de Ana Gleide para formar as turmas no Cesvasf é incluir os alunos de Tacaratu e Jatobá no mesmo processo. Essas pessoas se deslocariam a Petrolândia.

Graduação e diploma: Ana Gleide informou que os alunos graduados pelo Cesvasf recebem seus diplomas da Universidade Federal de Pernambuco.

Aberto o momento de tirar dúvidas, várias pessoas se pronunciaram. Uma das dúvidas, apresentada por Alexandre Sertão, aluno de Pedagogia, refere-se aos alunos que poderão migrar com pendência em matérias, faltando concluir um ou mais disciplinas, ou seja, com número de créditos inferior aos demais alunos da mesma turma. Ana Gleide esclareceu que, nesse caso, o aluno vai pagar as disciplinas em outras turmas, quando estiverem disponíveis, e vai cursar menos disciplinas por período com a turma do seu período do que os outros alunos que estão com a grade curricular mais adiantada.

No final da reunião, Alexandre Sertão ficou responsável pelo recebimento dos envelopes com a documentação que será analisada pelo Cesvasf, a serem entregues por alunos que não compareceram à reunião ou não levaram os documentos (Registro Acadêmico com as notas por disciplina/período, impresso do Portal da Faculdade Paranapanema).

A notícia desagradável para quem não era aluno das faculdades denunciadas, mas deseja a oportunidade de fazer vestibular e curso superior em Petrolândia, é a proposta de reativação do Cesvasf no município estar inicialmente direcionada aos ex-alunos prejudicados da Funeso/Faexpe/Paranapanema. Neste primeiro momento, de acordo com Ana Gleide, não seriam formadas turmas de ampla concorrência, visto que o objetivo principal de manter a instituição no município é permitir o acesso dos alunos prejudicados a uma graduação.

Essa restrição, porém, não é de 100% impeditiva. Se, por exemplo, houver poucos ex-alunos dessas faculdades interessados em cursar Letras ou Matemática, foi levantada a hipótese de abrir a concorrência para compor o número mínimo de alunos por turma. De qualquer forma, é lamentável a restrição, sabendo-se que o último vestibular do Cesvasf em Petrolândia foi realizado em 2012 e a demanda pelo ensino superior cresce a cada ano, como resultado das políticas inclusivas da educação.

Com excelentes professores e missão cumprida em Petrolândia, esperamos que o Cesvasf possa receber o justo reconhecimento e, apesar das péssimas circunstâncias envolvidas, manter seu campus no município, em benefício de todas as pessoas que desejam e precisam fazer um curso universitário.

Aos ex-alunos da Funeso/Faexpe/Paranapanema, segundo percebemos na reunião e no contexto, é oferecida a única, senão a última, oportunidade de acesso ao ensino superior no próprio município e, ao mesmo tempo, de manter em Petrolândia uma instituição que poderá servir não apenas a este público em especial, mas às sucessivas levas de formandos frustrados na continuidade dos estudos pela falta de cursos superiores na própria cidade e de recursos para empreende-los fora dela.

Redação do Blog de Assis Ramalho
Fotos: Lúcia Xavier

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